Sobre as drogas eu tenho, primeiramente, uma posição bem reacionária. Acho que quem usa LSD, ecstasy, cocaína, maconha e etc, não deveria estar fazendo isso, pois tais drogas não estão fazendo bem ao corpo dessas pessoas e é umas idiotice usar tais venenos. Eu simplesmente desprezo as drogas e por mim ninguém usaria essas porcarias.
Talvez quem mais sofra com essa minha postura paleozóica seja o carteiro, que nunca consegue achar minha caverna.
Mas liberdade sempre estará vinculada à propriedade sobre o próprio corpo, ou seja, a soberania de minha consciência sobre ele, que me coloca no direito de ditar o que eu devo ou não fazer com ele.
Logo, vendo que sou soberano sobre meu corpo, eu posso dizer que ninguém tem o direito de dizer o que eu devo ou não fazer com meu corpo.
Meu corpo, minhas regras
E é esse meu posicionamento quanto às drogas serem legalizadas, pois vendo que sou soberano sobre meu corpo, não cabe a ninguém em hipótese alguma me obrigar a fazer nada, muito menos proibir-me de fazer nada, pois os mesmos não tem direito algum sobre meu corpo.
Admitir que alguém tenha qualquer direito sobre meu corpo é admitir que esse alguém possa intervir no meu corpo quando achar que não estou fazendo algo saudável ou correto, e o mesmo eu posso fazer com o corpo dela, e por questão de logística, delegam tal função de legislador do corpo alheio ao Estado, mas nem por isso torna correto tal proibição.
Se João comete um ato imoral, como o roubo, e Luiz cometer o mesmo ato, também estará sendo imoral, e o mesmo vale para o Estado, já que o conceito de roubo é absoluto e o mesmo vale para a legislação do corpo alheio, pois o conceito não muda de acordo com o autor, o que vale é o ato em si.
Em nome do “bem-estar social”
Sem contar que qualquer brecha que se ponha em nome do “bem-estar social”, por exemplo, a proibição das drogas em nome da saúde pública, dá o direito ao Estado de ir cada vez mais cerceando nossas liberdades em nome do “bem-estar social”.
Primeiro é o crack, depois a maconha, depois o álcool, depois o cigarro, depois o lanche do Mc Donald’s, o refrigerante e por aí vai, proibindo tudo que faça mal a nossa saúde. E não se espante quando nos pegarmos só podendo comer tofu e coisas que tenham açúcar em quantidades aceitáveis pelos ditadores da saúde.
Quando qualquer deputado autoritário quiser obrigar as pessoas a levarem uma vida igual a idealizada por ele como correta, o mesmo vai ter o argumento que já foi posto antes “É para o ‘bem-estar social’…” e nada teremos a argumentar pois “Já que proibiram o crack que fazia mal a saúde, por que não proibir o fast-food?
A medicina mostra que aquilo é um veneno para o ser humano…”. O debate não será mais a moralidade – a minha soberania e liberdade sobre o próprio corpo – mas o utilitarismo de ser certo, na opinião de algumas pessoas, eu fazer certas coisas com meu corpo.
Alguns podem até argumentar que o crack é muito diferente do fast-food, mas o veredito da medicina é o mesmo: os dois fazem mal à saúde. Podem dizer então que o crack faz muito mais mal à saúde, então o argumento se baseará no grau de dano que algo pode causar a saúde humana.
E como regular tal grau de dano?
Quem vai delimitar o que é muito danoso ou não para eu fazer com o meu corpo? Provavelmente meia dúzia de burocratas que não me conhecem, não sabem nada sobre a minha vida e, repito, não tem direito algum sobre meu corpo. Sem contar que a brecha de até onde pode ir o dirigismo estatal para com meu corpo ainda estará aberta, podendo a qualquer hora um lado do debate utilitarista ganhar e acabar com minha liberdade.
Eu sou contra e à favor das drogas por alguns motivos:
Primeiro: eu não gosto delas.
Segundo: se eu não quiser um dia ter minhas liberdades, as quais eu exerço, serem tomadas de mim por qualquer grupo autoritário, eu tenho que respeitar e ser tolerante com quem usa liberdades que eu não exerço.
Terceiro: eu não tenho direito nenhum sobre o corpo de qualquer pessoa, logo eu não posso delegar ao Estado algo que seria imoral se eu mesmo fizesse.
Tem um poema alemão que diz assim “Quando os nazistas levaram os comunistas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era comunista. Quando eles prenderam os sociais-democratas, eu calei-me, porque, afinal, eu não era social-democrata.
Quando eles levaram os sindicalistas, eu não protestei, porque, afinal, eu não era sindicalista. Quando levaram os judeus, eu não protestei, porque, afinal, eu não era judeu. Quando eles me levaram, não havia mais quem protestasse”.
Este artigo não necessariamente representa a opinião do Students For Liberty Brasil (SFLB). O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões.