Enquanto o South Park pode ser conhecido por seus palavrões e humor excêntrico, qualquer pessoa que assiste o desenho com frequência, pode dizer que ela não foge dos acontecimentos da atualidade. Frequentemente, há tons libertários nos seus episódios. Embora existam muitos que poderiam ter sido escolhidos, estes são os cinco episódios que eu mais costumo lembrar quando discutimos sobre o Libertarianismo de South Park. ALERTA DE SPOILER:
Nº 5: Temporada 2, Episódio 17 “Gnomos”
Enquanto Tweek e os meninos estão trabalhando num projeto da escola, o pai de Tweek sugere que eles façam o projeto sobre aquisições corporativas. Ele faz essa sugestão porque a empresa de café Harbucks está prestes a abrir uma filial em South Park, ameaçando os pequenos Coffee Shops de lá.
Enquanto a cidade se reunia para evitar a abertura da Harbucks, se esperava que os meninos fizessem uma apresentação sobre o porquê a Harbucks não poderia instalar-se na cidade. Porém, com a ajuda de alguns misteriosos gnomos ladrões de cuecas, eles chegaram à conclusão de que a cidade não deveria usar a força legal para manter a Harbucks fora porque é benéfico para a cidade ter várias opções de cafés disponíveis. O fato é que muitas pessoas realmente preferem o café Harbucks.
É interessante notar que, na realidade, a legislação que protege as grandes empresas é tão comum – se não mais comum – quanto a situação mostrada neste episódio. No entanto, a lição geral ainda é extremamente libertária: não restrinjam que empresas podem operar num mercado. Deixe os consumidores decidirem por si mesmos.
Nº 4: Temporada 7, Episódio 13 “Fora, Cigarro”
Quando os quatro garotos são pegos fumando, eles culpam as companhias de tabaco para não serem postos de castigo. O ativista anti-tabagismo Rob Reiner, chega a South Park para lutar contra as empresas de tabaco.
Este episódio fomenta algumas reflexões profundas sobre os fins justificarem os meios em algumas ocasiões. Ele mostra como as pessoas desconfiam de causas aparentemente nobres, quando meios antiéticos são usados para promovê-las.
Ele também nos dá algumas das melhores citações libertárias de South Park, como: “Então, agora, todas as pessoas sabem os perigos de fumar e algumas pessoas ainda optam por fazer isso; e acreditamos que esse é o significado de ser americano” e “Você simplesmente odeia fumar, então usa todo o seu dinheiro e influência para forçar outros a pensarem como você, isso se chama fascismo.”
Nº 3: Temporada 11, Episódio 2 “Cartman Idiota”
Quando Butters é vítima de uma das pegadinhas do Cartman, seus pais mandam-no para um acampamento “Pray The Gay Away“.
Não só esse episódio apresenta uma promoção explícita do orgulho/igualdade LGBT, como também aponta a ironia de um sistema ao afirmar que limitar a liberdade é bom para as pessoas a longo prazo. Aqui, é o acampamento, não o governo. Vários suicídios acontecem no acampamento que existe “para ajudar.” Boas intenções nem sempre levam a bons resultados, uma lição que muitos políticos parecem ter perdido.
Nº 2: Temporada 13, Episódio 3 “Margaritaville”
Quando o dinheiro de todos aparentemente desaparece, ninguém consegue entender a razão, assim como muitos norte-americanos não entendem o que leva a uma crise econômica. Kyle e Randy pregam métodos opostos para sair da crise. Kyle se concentra na restauração da fé na economia, enquanto Randy prega gastar o mínimo possível. No final, Kyle acaba assumindo a dívida de toda a cidade, a fim de restaurar a fé e poder de compra das pessoas. Quando uma criança solitária faz isso, parece ridículo. No entanto, o nosso governo tem, em várias ocasiões, decidido que é certo sobrecarregar futuras gerações com dívidas ultrajantes, a fim de dar às pessoas o alívio da dívida agora.
Enquanto isso, Stan tenta devolver a máquina Margaritaville de seu pai, mas é dito que ele não pode, porque ela foi comprada com um plano de financiamento e uma empresa separada administra estes planos. Esta empresa, então, diz que o plano para a máquina de Randy foi combinado com milhares de outros planos e a única maneira de fazer a devolução é falar diretamente com os investidores de Wall Street. Em Wall Street, dizem a ele que muitas pessoas estavam inadimplentes com seus empréstimos e, portanto, o governo comprou os pacotes de empréstimos. Stan vai para o governo, onde eles decidem que a sua máquina vale 90 trilhões de dólares baseado “na tabela.” Eles também decidiram resgatar uma companhia de seguros enquanto Stan estava lá.
Todo esse episódio enfatiza a responsabilidade pessoal, mas também aponta como as pessoas são menos propensas a ser responsáveis na questão fiscal se os empréstimos forem excessivamente acessíveis. Randy não precisa de uma máquina Margaritaville, mas ele tem uma porque ele pôde fazer empréstimos para isso. À medida que a economia se torna frágil, a responsabilidade é, por vezes, punida. Stan é efetivamente punido por tentar salvar o seu dinheiro. Da mesma forma, muitos norte-americanos sentiram-se roubados após os resgates financeiros porque eles tinham feito tudo certo, pouparam e gastaram o dinheiro de forma responsável, mas ele estava indo para os bolsos de CEOs que dirigiam mal as empresas.
Nº 1: Temporada 14, Episódio 3 “Frango Frito Medicinal”
Neste episódio, a maconha medicinal é legalizada e ao mesmo tempo o KFC é proibido. Os paralelos entre alimentos pouco saudáveis e maconha discutem um ponto válido: ninguém quer realmente viver em um mundo onde qualquer coisa que tenha a possibilidade de ser prejudicial, seja ilegal.
Como a maioria dos episódios de South Park que lidam com a proibição, os personagens encontram maneiras de obter a substância proibida de qualquer maneira. Neste caso, Cartman se torna um traficante de KFC, viajando para Kentucky para garantir um fornecimento de frango para o estado e para os seus clientes.
Enquanto isso, as pessoas provocam câncer nelas mesmas para abusar do sistema de maconha para uso medicinal. Estes exemplos extremos levam às mesmas posições que os libertários vêm tomando há décadas: Quando as pessoas querem muito alguma coisa, a proibição não as protege de maneira alguma. Isto significa, simplesmente, que as pessoas se colocam em maior perigo no intuito de fazer o que bem entenderem com seus próprios corpos.
Tradução de Ana Rachel Gondim
Este artigo não necessariamente representa a opinião do Students For Liberty Brasil (SFLB). O SFLB tem o compromisso de ampliar as discussões sobre a liberdade, representando uma miríade de opiniões. Se você é um estudante interessado em apresentar sua perspectiva neste blog, envie um email para [email protected].